Verbos impessoais e unipessoais em gramáticas brasileiras oitocentistas do português
Resumen
Neste artigo, considerando que existe certa controvérsia acerca dos termos verbo impessoal e verbo unipessoal em gramaticografias de diversas línguas no século XIX, intentamos examinar de que forma essa controvérsia se deu em gramáticas brasileiras do português representativas desse século, a saber: Morais Silva (1806), Coruja (1835), Sotero dos Reis (1866), Freire da Silva ([1871] 21875), Ribeiro (1881) e Maciel ([1887] 31902). Para tanto, propomos dois objetivos: (1) identificar qual termo era usado ou preferido em cada obra; (2) compreender que causa pode estar por trás dessa preferência. Tendo como hipótese a relação entre a concepção de verbo impessoal/unipessoal com a concepção de sentença, primeiramente observamos o conteúdo focal de cada termo (cf. Swiggers 2010) e posteriormente seu conteúdo contrastivo, i.e., checamos se havia de fato relação entre as duas concepções. Chegamos à conclusão de que as gramáticas cuja concepção de sentença se aproxima daquela da gramática filosófica francesa preferiam o termo unipessoal, visto que o sujeito e o atributo estavam incluídos no verbo. Portanto, esse termo se referia à defectividade do verbo. Posteriormente, o termo impessoal refere-se à negação do sujeito, seja ele impessoal ou indeterminado, e nesse mesmo momento há, ao menos, duas novas concepções de sentença, uma em que todas suas segmentações devem ser binárias, e outra em que os dados observáveis são mais relevantes do que a teoria.
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